sábado, 13 de dezembro de 2008

O Natal vem vindo...

É tempo de Advento, tempo de esperar o Natal, o final do ano, o recomeço. Eu amo essa sensação de fechar um ciclo e iniciar outro (vai ver que é por isso que não me adapto bem ao trabalho "normal" - é frustrante começar um ano tendo que cuidar dos mesmos problemas de antes). E amo o clima do Natal.

Ninguém pode negar que o Natal é, na essência, uma das mais importantes festas cristãs, ao lado da Páscoa. Só que, a meu ver, a Páscoa é mais importante para os cristãos: é a festa que celebra o acontecimento chave do cristianismo: a Paixão e a ressurreição do Filho de Deus - se Jesus tivesse simplesmente nascido, de que adiantaria? Mas o Natal é mais popular. O nascimento do menino-Deus é (re)interpretado o tempo todo por músicos, anunciantes, escritores, roteiristas, comediantes...

Estou começando a colecionar algumas dessas reinterpretações do Natal. Quero entender melhor como os "de fora" vêem esta festa, e, quem sabe, encontrar formas de dialogar com elas. Quem sabe, montar uma (ou algumas) liturgias de Advento e Natal mais "contextualizadas" (ê palavrinha perigosa!), menos fechadas em si mesmas...

Bem, seguem algumas adições à esta minha coleção :-)

  • Dia desses, num especial do Saturday Night Live, assistia duas pequenas animações natalinas: Christmas Time For The Jews é um clipe divertido sobre judeus tomando conta da cidade na noite de Natal (a música gruda na cabeça); e Fun With Real Audio: Christmas mostra Jesus se horrorizando com as barbaridades de tele-evangelistas, até encontrar a verdadeira mensagem de Natal num especial dos Peanuts (fofo!).
  • Canto de Natal, de Manuel Bandeira, merecia ser recitado nas igrejas. É um poeminha simples e bonito. A primeira estrofe diz tudo: "O nosso menino / Nasceu em Belém. / Nasceu tão-somente / Para querer bem".
  • E a música que inaugurou minha coleção: Menino Deus, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro. Para um Natal brasileiro, nada melhor que um samba :-)
Raiou, resplandeceu, iluminou
Na barra do dia o canto do galo ecoou
A flor se abriu, a gota de orvalho brilhou
Quando a manhã surgiu
Nos dedos de Nosso Senhor
A paz amanheceu sobre o país
E o povo até pensou que já era feliz
Mas foi porque
Pra todo mundo pareceu
Que o Menino Deus nasceu
A tristeza se abraçou com a felicidade
Entoando cantos de alegria e liberdade
Parecia um carnaval no meio da cidade
Que me deu vontade de cantar pro meu amor

Para ouvir na voz de Clara Nunes, clique aqui. Para a cifra, aqui.

Notas diversas

A Câmara aprovou um projeto de Lei que obriga bibliotecas públicas a possuírem pelo menos uma Bíblia em seu acervo. Na justificativa, o deputado Filipe Pereira apela para a "sólida tradição cristã" do povo brasileiro e argumenta que as Bíblias nas bibliotecas seriam uma boa alternativa para as "pessoas carentes para as quais a aquisição de livros, em face de suas rendas precárias, apresenta-se impossível". Ok, por onde começar a dizer o que vejo de errado nessa idéia? Acredito que qualquer bibliotecário digno do seu juramento só pode ficar arrepiado diante da possibilidade de ser obrigado a ter ou não ter qualquer material em sua biblioteca. Especialmente se é uma biblioteca pública! A comunidade atendida é majoritariamente cristã? Beleza, que venham as Bíblias. Mas e os espíritas? Não têm direito às obras de Kardec, Chico Xavier, ou, sei lá, dos Gasparettos? Sem falar que as Bíblias de católicos e protestantes são ligeiramente diferentes... Se a biblioteca compra um exemplar protestante, os católicos não ficarão prejudicados? Enfim, que tal darmos condições aos bibliotecários para atender às suas comunidades, em vez de ficar ditando o que eles devem pôr ou tirar das estantes?

***

Confesso: sou uma admiradora da arte urbana: grafites, pinturas, todo tipo de intervenção que deixe a cidade mais interessante. Nestes dias (acho que graças a um e-mail), descobri o artista britânico Slinkachu, que desde 2006 desenvolve o "Little People Project", com bonequinhos minúsculos interagindo com a cidade: um casal se beijando na beira do rio, um homem segurando um fósforo com o dobro de sua altura diante de um carrinho incendiado, um grupo numa lancha navegando uma poça, uma briga... No site dá pra conferir também três imagens do mais novo projeto de Slinkachu, com caramujos "decorados".

domingo, 16 de novembro de 2008

Os Estados Unidos elegem um presidente negro!



Esta foto, tirada por David Goldman (do jornal New York Times) na First Corinthian Baptist Church do Harlem em Nova Iorque, mostra a reação ao anúncio de que Barack Obama estaria vencendo as eleições presidenciais naquele Estado. Eu a vi pela primeira vez no Globo que trazia na capa a vitória de Obama e fiquei fascinada. De cara, chama a atenção o êxtase da mulher no centro: punhos cerrados, a cabeça jogada para trás, os olhos fechados e a boca aberta (num grito, talvez?), os brincos e os braços capturados no meio do movimento... A menininha no banco de trás parece não conseguir deixar de olhar para aquela manifestação tão extravagante. À direita da menina, uma jovem bate palmas com um sorrisão estampado no rosto. Na extrema direita da foto, um homem de terno cobre a boca com as mãos, mal deixando perceber sua expressão. Ao fundo, sorrisos, mãos levantadas, quase dá para ouvir os gritos de "Aleluia" e as palmas enchendo o salão... Mas é o homem na esquerda que atrai meu olhar: os braços caídos ao lado do corpo, os olhos fixos na tela, a boca entreaberta: ele está, literalmente, de queixo caído.

domingo, 24 de agosto de 2008

Na rede



A imagem aí ao lado é uma das pérolas do site Superdickery.com, uma coleção de capas e páginas de revistas em quadrinhos estranhas, curiosas, engraçadas, politicamente incorretas, perturbadoras ou simplesmente estúpidas. Tem o Jimmy Olsen drag, o Batman gay, o Superman agindo como um idiota, e muito mais... Uma boa pedida para as tardes preguiçosas na rede :-)

Detalhe: se o gorila aí ao lado (e este aqui também) é tão inteligente, por que está tentando assaltar a biblioteca? É só fazer a carteirinha, poxa...











***
Outra opção divertida para quem lê em inglês: Hamlet em versão Facebook.

sábado, 16 de agosto de 2008

Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi)

O samba da minha terra deixa a gente mole,
quando se canta todo mundo bole,
quando se canta todo mundo bole!

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é.
É ruim da cabeça ou doente do pé.

Eu nasci com o samba, no samba me criei,
e do danado do samba nunca me separei.

O samba da minha terra deixa a gente mole,
quando se canta todo mundo bole,
quando se canta todo mundo bole!

domingo, 3 de agosto de 2008

Pão quentinho (da série "Meus Favoritos")

Há lugares, pessoas e coisas que fazem a gente se sentir bem ou mal simplesmente pelo efeito que causam em nossos sentidos, com seus perfumes, sons, visões, sabores e sensações. Uma das coisas que fazem isso em mim é o pão.

Acho que quase todas as culturas produzem alguma espécie de pão, com ou sem fermento, de trigo, de milho, ou de algum outro cereal, simples ou recheado. Segundo a Wikipédia, é um dos alimentos mais antigos da Humanidade. Até hoje, não provei nenhum pão ruim - tá, não sou fã de pão de forma, mas até ele tem seu charme, num misto-quente ou americano. Pra mim, pão bom de verdade nem precisa de acompanhamentos.

Mas não é só o sabor do pão que me atrai: existe algo de confortante num pacote cheio daqueles pãezinhos franceses bem quentinhos, recém-saídos do forno da padaria. Não tem preço: pegar o pãozinho recém-comprado, crocante por fora e macio por dentro, abri-lo, espalhar a margarina ou manteiga e vê-la se desmanchar no miolo morno e macio...

Ah, o miolo do pão francês! Como é que tem gente que consegue comer pão sem ele?? Tá, eu sei, é a dieta. Mas que graça tem? Quando eu era pequena, agia feito um ratinho: cavava um buraco na bisnaga, tirando o miolo com a eficiência de uma sonda da Petrobras. Hoje me controlo melhor - mas não desperdiço miolo de jeito algum!

Outro dia, no ônibus, sentei ao lado de um homem que dormia segurando sacolas de compras. O calorzinho que saía de uma delas era inconfundível: nem precisei fechar os olhos para imaginar as bisnaguinhas. Foi naquele ônibus, ao lado de um desconhecido que dormia (quem sabe, embalado também pelo calor do pão), que me dei conta: pão quentinho me lembra a infância.

domingo, 20 de julho de 2008

Eu vi: Anima Mundi

O Anima Mundi é um dos meus eventos favoritos, daqueles que faço de tudo para não deixar de ir (os outros são o Festival do Rio, a Bienal do Livro e a Folle Journée, mas sempre cabe mais um). Este ano, fui a 5 sessões, no Odeon, na Praça Animada e no Teatro II do CCBB. Sempre tem aqueles filmes meia-boca, e outros difíceis de acompanhar ou simplesmente incompreensíveis, mas as pérolas - e sempre há pérolas! - fazem tudo valer a pena. Dos filmes que vi, meus favoritos foram:


  • Puppet / Patrick Smith - A frase inicial, de Freud ("O masoquista cria uma entidade separada para alcançar um nível repulsivo de auto-flagelação") já diz tudo. No filme, um rapaz cria um fantoche que começa a atacá-lo.
  • At the Quinte Hotel / Bruce Alcock - At the Quinte Hotel é um poema de Al Purdy (saiba mais e leia aqui). A animação é viajante como o poema.
  • A-Z / Sally Arthur - a aventura da Sra. P, que passou semanas se perdendo em Londres para criar um guia de ruas. Filme cheio de charme.
  • El Empleo / Santiago Bou Grasso - Simplesmente genial: num mundo muito parecido com o nosso, pessoas servem de mesas, cabides, cadeiras, carros etc.
  • KJFG No. 5 / Alexei Alexeev - Outro filminho de gênio: na floresta, o urso (baixo), o coelho (percussão) e o lobo (vocal) montam uma banda. Mas o caçador vem aí...
  • De Zwemles / Danny de Vent - filme lindinho sobre uma criança em sua primeira aula de natação.
  • La Maison en Petits Cubes / Kunio Kato - um senhor viúvo relembra a vida com sua esposa, num mundo em que as águas não param de subir. Fofo!
  • Key Lime Pie / Trevor Jimenez - animação noir sobre um homem capaz de tudo por um pedaço de torta de lima (limão?). Nota 10!
Além desses curtas, todos em competição, vi uma sessão especial dedicada à obra do argentino Juan Pablo Zaramella. Vale a pena conferir o trabalho dele no site oficial. Na sessão foram exibidos El Desafío a la Muerte, sobre um faquir; El Guante, em que um homem é atormentado por uma luva; El Espejo Tiene 1000 Caras, com três vinhetas divertidas feitas para a Nickelodeon; Sexteens, um vídeo bem-humorado sobre educação sexual; Lapsus, as trapalhadas de uma freira entre a "luz" e as "trevas" (a personagem, que só faz repetir "Oh my God" em diferentes entonações, é hilária) e o lindinho Viaje a Marte, sobre um menino que é levado pelo avô para conhecer aquele planeta. O cara é ótimo!

Eu, marginal

Marginal é quem está à margem, quem fica na beiradinha, tendo à frente as águas e atrás de si a terra, as árvores. Quem não se joga de cabeça, mas também não se afasta de vez. Quem não vai além da arrebentação, mas também não quer ficar na areia, lagarteando ao sol - e fica ali, brincando na espuma do mar.
Já faz alguns verões que notei esse medo de entrar de vez na água, vencendo as ondas pra flutuar onde o mar é mais tranqüilo. Não foi sempre assim: quando era mais nova, passava horas além da arrebentação, boiando, nadando, mergulhando, pulando... Agora, fico na beira, esperando alguma onda mais forte para pelo menos molhar os cabelos. Prudência que vem com a idade, talvez...
Mas foi só recentemente que me caiu a ficha: não é só na praia que eu sou marginal, é na vida. Na maioria dos círculos a que pertenço, sinto que estou longe do centro, na margem, na tangente. Não importa se estou com amigos antigos, irmãos de fé, parentes ou colegas de trabalho, a impressão é a mesma: de repente me sinto distante, como se aqueles velhos conhecidos fossem estranhos, como se ninguém realmente me conhecesse, como se a minha presença ali não fizesse qualquer diferença.
É raro me envolver de fato com alguém, a ponto de sentir falta da pessoa. Imagino que devo parecer fria, mas não sou uma pedra de gelo. Só tenho dificuldade para expressar o que sinto. Com alguns poucos amigos mais íntimos, me abro, choro junto, abraço, beijo. Mando e-mails e torpedos, chego até a ligar (bem) de vez em quando. Mesmo com alguns nem tão íntimos, troco abraços e confidências ocasionais. Mas corto laços com alguma facilidade, e nem é por mal. Simplesmente não me lembro de entrar em contato, e quando lembro penso que é tarde demais, que a hora é imprópria, e o tempo vai passando.
Sim, sou marginal. Não sei se por medo, desinteresse, preguiça, timidez, ou por uma combinação de tudo isso, meus relacionamentos, com raras exceções, não se aprofundam muito. E mesmo nessas "raras exceções", fico com a sensação de que tudo é frágil, que aquela intimidade pode se desfazer a qualquer momento. Difícil é vencer este sentimento...

sábado, 12 de julho de 2008

Teste...






Qual teólogo é você? (versão 0.1.2)
created with QuizFarm.com
You scored as Martinho Lutero

Você é Martinho Lutero.

Descrição na wikipedia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_lutero


Martinho Lutero


83%

Friedrich Schleiermacher


83%

Anselmo


83%

Paul Tillich


75%

Karl Barth


58%

João Calvino


50%

Jurgen Moltmann


50%

Jonathan Edwards


42%

Santo Agostinho


42%

Charles Finney


33%

Rudolf Bultmann


25%


domingo, 6 de julho de 2008

Sobre o Tempo

Um dos textos da Bíblia que mais me desafia ultimamente é a passagem sobre o tempo em Eclesiastes 3.1-8:

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu:
há tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derribar e tempo de edificar;
tempo de chorar e tempo de rir;
tempo de prantear e tempo de saltar de alegria;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras;
tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;
tempo de buscar e tempo de perder;
tempo de guardar e tempo de deitar fora;
tempo de rasgar e tempo de coser;
tempo de estar calado e tempo de falar;
tempo de amar e tempo de aborrecer;
tempo de guerra e tempo de paz.

Quando lembro deste texto, a primeira coisa que me passa na cabeça é: Se é verdade que há tempo para todo propósito, onde foi parar o meu? Por que as horas parecem escapar dos meus dedos, como água, e o que sobra parece insuficiente para matar a sede? Agora mesmo, neste domingo à noite, bate o desânimo de ir para a cama e encarar outra semana num trabalho que me dá poucas alegrias e muitas decepções... Outro final de semana passou, e sinto que não o aproveitei tanto quanto gostaria/poderia. E olha que até que curti este domingo: ouvi Leonardo Boff na Igreja Cristã de Ipanema, almocei e fui à feira hippie com duas amigas que não via há tempos. Mas ainda fica o gosto de quero mais, mesmo sem saber o que é esse "mais" que tanta falta me tem feito.

Releio o texto de Eclesiastes e percebo suas marcações: há tempo para amar, mas também para odiar; há tempo para nascer e também para morrer. No corre-corre cotidiano, tudo também é marcado: hora de acordar, hora de almoçar, hora de voltar pra casa. No entanto, me parece que há uma diferença entre estas "horas" e aqueles "tempos". Nossas horas são para serem cumpridas, os tempos do pregador são para serem vividos e pensados. As horas se impõem, os tempos se apresentam. E, se prestamos muita atenção às horas, acabamos perdendo de vista os tempos: perdemos a época de plantar, choramos quando deveríamos rir, deixamos passar a oportunidade de abraçar.

Até aqui falei do dia-a-dia. Mas o texto de Eclesiastes também me lembra dos "tempos" da nossa vida, com seus altos e baixos, suas pequenas alegrias e grandes tristezas (e vice-versa), seus contratempos e boas surpresas. Já não sou mais criança, já saí da adolescência, mas ainda não consigo pensar em mim como adulta - fico naquele limbo da juventude. Já tenho meu emprego, já pago minhas contas, sou plenamente responsável pelos meus atos. O que falta para passar daqui para lá? E outras mil perguntas surgem: até quando continuar neste emprego? O que vou fazer depois do seminário? Será que o casamento é pra mim? Será que Deus tem um plano detalhado para a minha vida, ou será que estou construindo esse caminho a cada dia, com as minhas escolhas?

Não tenho as respostas, mas vou continuar procurando. Afinal, ainda há tempo...

----------------
Ouvindo: Bob Dylan - Father of Night
via FoxyTunes

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Música clássica quase de graça

Na próxima semana, entre 04 e 08 de junho, vai rolar a Rio Folle Journée, uma "jornada maluca" de concertos a preços de banana (ingressos a R$1 e a R$5!). O homenageado deste ano é Beethoven - serão apresentadas todas as sonatas dele para violoncelo e piano, quarteto de cordas e piano solo, além de outras coisinhas (tem até um concerto de músicas brasileiras da época dele). A primeira edição, no passado, teve até Nelson Freire. Eu fui, e foi sensacional!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Concursos Comunitários

O site Louvor Brasil, criado para reunir contribuições alternativas para o louvor comunitário, está promovendo dois concursos: um de Louvor Comunitário, para os músicos; e outro, para mim o mais interessante, de Receita Culinária Comunitária - "mostrando como um grupo pode incorporar orações, gestos, danças, declamações, versículos bíblicos e recitações enquanto cozinham juntos". As inscrições vão até 31 de maio. As quatro primeiras pessoas que forem classificadas para a segunda fase de cada concurso ganham um exemplar do CD "A Bíblia Cantada" de Denise Frederico; e os vencedores também ganham prêmios em $ (calma que é só um valor simbólico). O concurso de música tem patrocínio da W4 Editora, e o vencedor leva também um pacote de 6 livros.

Tô doida para ver quais serão os resultados :-)

Namoradeiras na Janela

Essas bonecas estão em praticamente todas as lojas de Ouro Preto e Congonhas. Fico pensando, com o que será que elas sonham?

Enquanto este blog dormia...

Voltei! Mais de um mês sem um post decente, mas aqui estou. Foi um período agitado, com momentos tristes (perdi minha avó e uma amiga querida; deixei a igreja onde passei os últimos 10 anos da minha vida) e chatos (como a minha primeira nota vermelha - 3,5! - entre outros mais embaraçosos); mas outros tantos momentos muito legais.

No feriadão de 21 e 23 de abril, viajei para Minas com minhas milhas da Tam (fotos no Flickr). Foi maravilhoso! Passei uma tarde de sábado agradabilíssima em Belo Horizonte com meus amigos Roberto e Renato e suas respectivas caras-metades, Haline e Miriam. Visitamos o Museu, a Casa do Baile e a Igreja de São Francisco (todas obras do Niemeyer) na Lagoa da Pampulha, almoçamos uma tilápia à milanesa simplesmente deliciosa, fomos na Rua do Amendoim e na Praça do Papa, e ainda vimos a cidade de cima. De BH peguei o ônibus para Ouro Preto. Esqueci no Rio o endereço do Albergue, e foi um pouco assustador sair da Rodoviária e dar de cara com uma igreja fechada e um cemitério ladeando uma ladeira pouco iluminada. Mas o luar me animou, e o albergue era bem pertinho. No quarto conheci uma menina paulista, nos demos bem logo de cara. Acordei no domingo ao som de sinos, e fomos pra rua. Do dia 20 até o 23, andei muito por Ouro Preto, Mariana e Congonhas: visitei igrejas, museus (gostei mais do Museu do Oratório, são lindos os de concha), os 12 profetas e uma mina de ouro; tomei vaca-preta e comi panquecas; ouvi a música do Indiana Jones, Carinhoso, Escorregando (do Ernesto Nazareth) e Aquarela do Brasil na mesma praça onde a cabeça de Tiradentes ficou exposta; andei de Maria-Fumaça; vi o Thiago Lacerda (sério! no Museu da Inconfidência!); conversei com gente do Japão, da Holanda, do Canadá, de São Paulo, do Rio e até de Minas. Tenho que fazer mais essas coisas :-)

No feriadão de 1° de maio, fiquei no Rio mesmo, mas dei um pulo em Niterói na sexta para ouvir Baixo e Voz (Sergio e Marivone conseguem ser ainda melhores ao vivo!) e Sal da Terra (música nordestina pra louvar) - e, de quebra, a Banda Crombie (bela surpresa).

De quebra, minha casa ganhou um novo morador: um gato chamado Batatinha. E eu descobri que definitivamente não me dou bem com bichos :-)

E agora, estou de volta pra fazer este blog voltar a andar. Até breve!
----------------
Now playing: Chico Buarque - Essa Moça Ta Diferente
via FoxyTunes

sábado, 5 de abril de 2008

Jon Arbuckle como você nunca reparou











Jon Arbuckle: você pode não lembrar imediatamente do nome, mas já deve conhecer o dono do gato mais preguiçoso e guloso dos quadrinhos. Pois não é que alguém resolveu tirar de vez o Garfield (e o Odie e todos os outros) das tirinhas, para mostrar a vida de Jon como ela é: patética, triste, ridícula, esquizofrênica, vazia... É Garfield minus Garfield.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Segunda-feira de quê?

Estava pensando ontem, domingo de Páscoa, naqueles versos do Drummond: "o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será." O que isso tem a ver com a Páscoa? Bem, a sexta-feira é da Paixão, o sábado é de Aleluia, o domingo é da Ressurreição... Mas e a segunda-feira? Alguém sabe o que será?

Para os que não foram criados em igreja, e/ou só aparecem lá pra casamentos, sexta é feriado (oba!) e dia de comer peixe, e domingo é dia daquele belo almoço em família com direito a troca de chocolates. Já os que, como eu, são cristãos, aprenderam no catecismo ou na escola bíblica que Jesus morreu na sexta, que, por isso, é um dia de tristeza. Domingo é dia de alegria: ele ressuscitou, voltou à vida. Mas e segunda-feira?

A pergunta começou a martelar na minha cabeça justamente quando eu pensava numa mensagem pra esta Páscoa - já é um hábito meu mandar mensagens pros amigos mais chegados nessas grandes datas (Páscoa e Natal/Ano Novo), e eu estava chateada de não ter pensado em nada este ano. Mas lembrei do Drummond, e decidi escrever uma mensagem pós-Páscoa mesmo.

Pensando mais um pouco, lembrei destas palavras de Paulo: "Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão". (1ª Carta de Paulo aos coríntios, capítulo 15, versículo 19 - quem não tem Bíblia pode conferir online). Corinto ficava na Grécia, e quem estudou filosofia deve lembrar que alguns gregos achavam que o corpo era a prisão da alma. Pra quem pensava assim, era bem difícil entender a ressurreição. Por isso, Paulo dedicou o capítulo 15 de ICoríntios a esse tema, mostrando que se não há ressurreição, Cristo não ressuscitou, e se ele não ressuscitou, a nossa fé - ou seja, a fé cristã - é inútil (v. 12-17). Mas não é assim: Jesus ressuscitou, e abriu caminho pra gente: nós também, se cremos nele, vamos vencer a morte (v. 55-57).

É por isso que Paulo diz que, se a nossa fé em Cristo é só para esta vida, somos dignos de compaixão, de pena mesmo. Naquele tempo, ser cristão era dureza. Muitos morreram por causa dessa fé. Não teria mesmo propósito alguém se arriscar a virar almoço de leão no Coliseu por causa de um carinha legal que, coitado, morreu. Mas, se é verdade que aquele "carinha legal" venceu a morte, a coisa muda de figura; e foi por crerem nisso que tantos cristãos se recusaram a negar sua fé e morreram: eles confiavam que também venceriam a morte.

Ainda hoje perseguições desse tipo acontecem em alguns lugares pelo mundo, mas aqui na nossa pátria amada ser cristão é absolutamente normal. Eu, pelo menos, nunca me senti discriminada por ser cristã - mesmo quando deixei de ir ou saí mais cedo de alguns encontros dominicais porque tinha de ir à igreja. Mas a palavra de Paulo ainda vale: se a nossa fé em Deus se limita a pedir proteção pra andar de ônibus no Rio de Janeiro, ou àquela visita esporádica à missa ou ao culto, ou mesmo ao trabalho intenso na igreja, a nossa fé não serve pra muita coisa. Deus quer nos dar uma vida nova e bela, quer que a gente viva intensamente hoje sem esquecer o amanhã: "Siga por onde o seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas saiba que por todas essas coisas Deus o trará a julgamento" (Eclesiastes 11.10b - não é lindo esse texto?).

Cristãos ou não, cada um de nós acredita em alguma coisa (em Deus, no amor, em nós), e constrói a sua vida com base nessa fé. Tem dias que a gente separa pra lembrar dessas coisas em que acreditamos: datas como Páscoa e Natal, um aniversário, a virada do ano. Mas, no dia-a-dia, a gente "faz tudo sempre igual" (grande Chico Buarque...) e esquece dessa coisa maior que dá sentido ao que fazemos. Meu desejo é que, nesta segunda e pelas próximas, a gente consiga sempre lembrar da razão da nossa esperança.

Beijos, e boas Páscoas!

segunda-feira, 17 de março de 2008

Pra Páscoa (do ano que vem?)

Nota rápida: está no site Louvor Brasil, do Gustavo "K-fé" Frederico, uma sugestão de liturgia pascal elaborada por esta humilde blogueira... Sei que está em cima para este ano, mas pro ano que vem, quem sabe? Críticas e sugestões são bem-vindas!

A propósito, o Louvor Brasil merece ser mais prestigiado pelas mentes pensantes e criativas do cristianismo brasileiro: é uma página aberta a contribuições para o louvor e o culto comunitário, e tem espaço também para paródias e reflexão. Espero contribuir mais por lá.

domingo, 16 de março de 2008

Liberte seus livros!

Sábado, dia 15/03, participei do segundo encontro de um grupo de bookcrossers cariocas, na primeira Zona Oficial de BookCrossing do Rio de Janeiro. Foi muito divertido encontrar gente que gosta de livros tanto quanto ou mais do que eu (As fotos que tirei no encontro estão aqui).

O BookCrossing é um movimento que estimula as pessoas a "libertarem" seus livros, fazendo-os rodar o mundo. É só cadastrá-los no site, que dá um número de identificação para cada um (anote no livro, assim todo mundo pode acompanhar as andanças dele). Daí, é só escolher uma das muitas formas de liberação: organizar uma lista de amigos que lêem e passam para o próximo, mandá-lo como presente-surpresa para alguém, ou até mesmo deixá-lo "ao léu" em algum lugar. Para entender melhor, recomendo a FAQ ótima da Spiegel, do Rio Grande do Sul. Tem também a entrevista da Victoria-helena, crosser ativa de Sampa, na Rádio CBN.

As tais Zonas Oficiais ou Official BookCrossing Zones (OBCZ) são lugares em que um grupo de crossers deixa livros regularmente. São Paulo já tem uma, na Central das Artes, e a do Rio, criada por iniciativa da Criswolff, está no restaurante do Lunático Café e Cultura, pertinho do Jardim Botânico. O próximo encontro dos bookcrossers cariocas será em 12 de abril (a idéia é ter um todo 2° sábado do mês).

sábado, 15 de março de 2008

Senhora deles

Com a internet, ficou mais fácil acompanhar o que os nossos legisladores (e demais políticos) andam fazendo. Qualquer um pode receber por e-mail o boletim da Câmara, o resumo das leis aprovadas pelo Planalto, notícias de tribunais; ou até acompanhar o andamento de projetos na Câmara e no Senado (falta um serviço integrado das duas Casas, mas já quebra o galho). Uma dica valiosa para as eleições: antes de re-eleger alguém, procure saber o que ele fez no mandato anterior - dá pra verificar até as faltas!

Só se prepare para a avalanche de irrelevâncias na sua caixa postal... Mas vale a pena, de vez em quando surge uma proposta interessente. Ou, uma idéia como a do Projeto de Lei 2623/07, do ex-deputado Professor Victorio Galli: retirar de Nossa Senhora Aparecida o título de padroeira do Brasil - ela passaria a ser só a "padroeira dos brasileiros católicos apostólicos romanos". Detalhe interessante? O feriado continua... Será que cola?

quinta-feira, 13 de março de 2008

Estudo Sobre Oração, parte I: Por que orar?

Nestes primeiros meses de 2008, estou dirigindo um estudo sobre a oração na Escola Bíblica Dominical de minha igreja. A revista básica é Oração: o poder de intercessão da igreja, de Samuel Figueira. Além dela, adotei como referência o livro Oração: ela faz alguma diferença?, de Philip Yancey. Foi a partir dele que refletimos sobre aquela perguntinha fundamental: Por que precisamos orar? Engraçado que a revista coloca essa pergunta lá na terceira lição. Mas, convenhamos, se eu nem sei porque eu oro, porque vou me preocupar em, por exemplo, encontrar tempo pra isso? Perguntar “Por quê?” é sempre o começo de uma aventura e/ou de uma dor de cabeça. E como eu já aprendi no Castelo Rá-Tim-Bum, “'Porque sim' não é resposta” :-)

Entender porque oramos é mais difícil do que pode parecer. Claro, podemos ficar com a resposta simples: “Porque Deus nos manda orar”. É verdade, a Bíblia está cheia de mandamentos sobre oração: Jeremias 33.3 (o “ddd de Deus”), Mateus 7.7, Isaías 55.6... Mas essa resposta não esgota o assunto: quem já não pensou com seus botões algo parecido com esta simples pergunta: “Pera, se Deus sabe de todas as coisas, por que orar?” Quem não se perguntou, parafraseando o Romário: “Orar pra quê, se Deus já sabe o que fazer?” Se Ele soberanamente já decidiu o meu futuro, de que vai adiantar orar por aquela pessoa especial, pelo emprego, por saúde, ou mesmo pela salvação de um alguém querido?

Para compreender o porquê, temos que pensar primeiro no quê: o que é oração? Vem imediamente ao pensamento a resposta aprendida na infância ou na classe de doutrinas: “Orar é falar/conversar com Deus”. Essa simples resposta diz muita coisa. Falamos muito que precisamos cultivar um relacionamento com Deus, e eu não escolhi a palavra “cultivar” por acaso. Como as plantas, relacionamentos precisam ser regados, adubados, tratados. E nada alimenta melhor um relacionamento do que o diálogo. Amigos não são aqueles que se vêem todos os dias, são aqueles que se conhecem – e como posso ser conhecida, se não compartilho com o outro o que me alegra, o que me aflige, o que chateia, o que me entristece?

Já deu pra ver onde quero chegar: se oração é falar com Deus, então ela é o adubo do meu (do seu, do nosso) relacionamento com Ele. Ninguém questiona a importância do diálogo num casamento, ninguém deixa de desabafar com um amigo mesmo sabendo que a conversa não muda a realidade (o desabafo não vai fazer o chefe deixar de ser um chato de galochas). Então, por que ter crise com a oração?

Ainda não terminei o livro do Yancey, mas já deu para captar a idéia dele de que, para entender a utilidade/necessidade da oração, é preciso primeiro mudar o ponto de vista. Não oramos para mudar a vontade de Deus. Não oramos para contar a Ele aquilo que Ele já sabe. Oramos para estabelecer um relacionamento com Ele. E, nesse relacionamento, eu cresço - aliás, não é isso que acontece em qualquer relacionamento? Quando me abro sobre as minhas frustrações e medos, descubro que eles são menores do que eu imaginava. Quando peço pela salvação da minha irmã, percebo que Deus está ainda mais triste do que eu com esta situação. Quando penso no porque Ele me chamou para o Seminário num momento em que minha vida estava tão difícil, vejo Sua Providência e aprendo a descansar n'Ele - e de repente as coisas não estão mais tão ruins. Não oro mais para tentar mudar a vontade dele, mas para descobrir onde me encaixo nessa vontade. Oro para me conhecer e para conhecer Aquele que me criou – e que, de tanto me amar, me salvou. Pra resumir: oramos para ter intimidade com o Pai.

Eu e o Ensino

Sou professora de Escola Bíblica Dominical na minha igreja. Na verdade, gosto de pensar em mim como uma dirigente de estudos: alguém que não está lá para ensinar, mas para incentivar o debate, estimulando as pessoas a apresentarem aquilo que o Espírito mesmo já mostrou a elas, e, a partir daí, direcionar a discussão para tentar garantir que, ao final, os objetivos do estudo sejam alcançados. Acredito muito no princípio do sacerdócio universal de todos os crentes, e tento, da melhor forma, colocar esta fé na prática. Claro que enfrento problemas: estudantes desmotivados, tímidos, desinteressados (aqueles que nem vão à aula, sabe como é?), acostumados a ouvir. Mas resisto como posso à tentação de transformar a aula em mera transmissão de meus conhecimentos pessoais.

Essa abordagem mais livre, de dar voz a todos, tem outro problema (talvez o mais difícil de resolver): como cristãos, temos algumas crenças inegociáveis. Há verdades básicas, válidas para todos. Mas, no decorrer de nossa vida com Deus, temos experiências com Ele que não se repetem da mesma forma com outros. Como ouvi de um professor esta semana, Deus, conhecendo a nossa diversidade, se revela de formas diversas para cada um de nós. Mesmo as verdades fundamentais do cristianismo (e às vezes é tão difícil defini-las!) são experimentadas de formas diferentes por cada um. Onde está o limite entre o universal e o particular? Como ensinar sem cair na armadilha de transmitir experiências pessoais como sendo verdades gerais?

Dá para ver que Tiago tem toda razão quando alerta: “não vos torneis, muitos de vós, mestres.” Creio que ele falou por experiência própria, até porque ele se inclui na segunda parte do versículo (“havemos de receber maior juízo” - Tg 3.1). É uma tarefa difícil, às vezes ingrata - quando parece não dar resultado. Mas a satisfação que vem de cumprir o dom que me é dado pelo Espírito Santo é inigualável. A certeza de saber que é assim que Deus quer me usar, apesar de (e com todas as) minhas limitações, dá paz ao meu coração. E de tanto lidar com a Palavra no ensino, de tanto ler coisas me preparando para as aulas, cresceu a vontade de estudar mais – olha o Seminário aí, gente! - e de me atrever a escrever. É muita pretensão achar que eu tenha algo a dizer, mas é bom pra me exercitar ;-) Começo com alguns comentários (não chegam a ser lições) sobre o estudo atual da minha classe: Oração.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Parabéns (u-huu!)

Abrace um bibliotecário hoje!

Parabéns aos companheiros de mineração, sempre em busca da melhor informação para aqueles que são nossa razão de ser: os usuários.

Curiosidades do Dia:

domingo, 2 de março de 2008

Viva e Eficaz

"[O]s fiéis, e nomeadamente as pessoas cultas nas ciências sagradas ou profanas, querem saber o que Deus disse nas Sagradas Escrituras, e não tanto o que um fecundo orador ou escritor usando com destreza as palavras da Bíblia, é capaz de nos dizer. A palavra de Deus 'viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes, penetrante até dividir alma e espírito, articulações e medulas, capaz de destrinçar pensamentos e sentimentos do coração' não precisa de artifícios e adaptações humanas para mover e abalar os corações; as Sagradas Páginas escritas sob a inspiração do Espírito de Deus são de per si ricas de sentido próprio; dotadas de força divina, são poderosas por si mesmas; ornadas de supremo esplendor por si mesmas brilham e resplandecem, se o intérprete com uma explicação fiel e completa sabe desentranhar todos os tesouros de sabedoria e prudência que nelas estão encerrados." (citação da Encíclica Divino Afflante Spiritu, sobre os estudos bíblicos)
Sabe quando você lê um texto que expressa exatamente aquelas idéias meio sem forma na sua cabeça? Tem até uma passagem interessante do George Orwell em 1984 sobre isso, vou resgatar e posto aqui depois. Eu só não imaginava ter um desses momentos lendo uma encíclica papal - muito menos uma assinada pelo Papa Pio XII, aquele acusado de fazer vista grossa para o Holocausto. Mas fui surpreendida pela citação aí em cima quando lia a Divino Afflante Spiritu, que, entre outras coisas, estimula o estudo científico das Escrituras, incluindo a análise dos manuscritos nas línguas originais.

Que vontade de estampar essa frase numa camiseta! Especialmente o trecho que diz que a Palavra "não precisa de artifícios e adaptações humanas para mover e abalar os corações" (tá, ia ter que ser uma camiseta bem grande...). Nós, protestantes/evangélicos orgulhosos do "Sola Scriptura", desprezamos o apego dos católicos à Tradição, mas muitas vezes caímos no erro de tentar dar uma ajudinha para a Bíblia. Não basta uma pregação com conteúdo bíblico, queremos um pregador carismático, dinâmico, quase um popstar.

Não estou dizendo que os pastores deveriam adotar o estilo paradão, se limitando a ler a Bíblia com voz clara e pausada, pra todo mundo entender. Eu também dormiria com uma pregação dessas :-) Só acho que, se a Bíblia parece não ser suficiente para atrair as pessoas, a falha não está na Bíblia...

sábado, 1 de março de 2008

Intervenção

"Been working for the church / While your life falls apart, / Singing hallelujah with the fear in your heart, / Every spark of friendship and love / Will die without a home." - Intervention, Arcade Fire
(Trabalhando pela igreja enquanto sua vida se despedaça, cantando aleluia com medo no coração; cada faísca de amizade e amor morrerá sem ter um lar.)
Ouvi essa música pela primeira vez hoje. Bela melodia, com um órgão maravilhoso - e a letra, vocês podem ver por esse trechinho, só colabora para o clima arrepiante da música.

Pior é saber que tem muita gente nas igrejas por aí trabalhando sem perceber que sua vida e sua família estão indo pelo ralo, investindo tempo e dinheiro sem ver resultado, ou simplesmente abrindo mão do tempo de descanso. A gente sabe que o homem não foi feito por causa do "sábado" - que, pelo menos a meu ver, era um dia reservado para não fazer nada - mas alguém ainda lembra que o sábado foi feito por causa do homem? Onde está o cristianismo simples que perdemos na instituição?

----------------
Ouvindo: Arcade Fire - Intervention
via FoxyTunes

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Meu caso com as letras

Eu sabia que esse negócio de voltar a blogar não ia dar certo. Foi só terminar a formatação inicial, dar pro blog uma carinha mais simpática, colocar alguns penduricalhos (sem transformar em árvore de natal) e batata: a placa-mãe do micro de casa pifou...

Do trabalho não dá para postar: o acesso à internet é controlado e temos uma "ração" diária de 30MB. Passou disso, é bloqueio, sem discussão. Quem foi que disse que ser servidor público é moleza?

Felizmente, a abstinência forçada já está chegando ao fim. E como as coisas estão relativamente tranqüilas no trabalho, comecei a esboçar este post, só para não perder o costume.

Acho que todo mundo tem coisas que gosta (ou gostaria) de fazer, mas por falta de tempo/dinheiro/paciência acaba deixando de lado. Para mim, uma dessas coisas é escrever. Já tentei a prosa, mas não passei de algumas linhas, bem poucas mesmo. Pensar um começo e um final talvez seja fácil, mas uma boa história é feita do recheio: personagens, diálogos, situações e relacionamentos. Quem nunca foi ver um filme sabendo de antemão como terminava? Nem precisa que alguém te conte pra saber que o mocinho fica com a mocinha, o vilão se dá mal, os americanos ganham a guerra e Hitler morre. O que vale não é o fim do caminho, é o caminho até lá - não é assim na vida da gente?

Voltando à vaca fria: não consegui dar à minha tentativa de história (acho que era sobre um homem abandonado pela esposa, já faz uns dez anos...) esse recheio tão vital. É verdade que, pouco antes, eu já tinha me aventurado pela poesia. Ainda tenho alguns poemas guardados... Foi gostoso escrevê-los: eles vinham à minha cabeça quase prontos e o trabalho que eu tinha era moldá-los, brincando com as palavras. Não fazia rimas - aproveitei minha condição de (pós?)modernista para fugir delas :-) Mas meus poemas não eram realmente grande coisa.

O tempo (e o segundo grau) passou, e parece que a fonte de poemas em mim secou. Na faculdade, fiquei íntima do texto acadêmico, dissertativo, cheio de regras (escrever em primeira pessoa? Nunca! Adjetivos? Fuja!), aparentemente seco e impessoal. Mas que surpresa boa ler textos de Bruno Latour, Thomas Kuhn e outros e descobrir que aquele formalismo todo não precisava ser sinônimo de texto chato. Pelo contrário: eu me deliciava com a descoberta.

Aliás, a descoberta é uma das coisas que mais me atrai na leitura em geral. Gosto de achar pepitas: frases geniais, situações inusitadas, descrições surpreendentes, idéias revolucionárias ou simplesmente reformulações de coisas muitas vezes repetidas. Com certeza essas pérolas vão aparecer vez ou outra aqui no blog.

Ah, sim: faltou dizer que, no primeiro grau, cheguei a escrever uma peça com minha melhor amiga, não me lembro bem sobre que disciplina - só lembro que o texto foi encenado pela nossa turma. Era sobre um rapaz que, para escapar da virar um dos "voluntários" da Pátria na Guerra do Paraguai, se disfarça de mulher. Nada muito original, mas foi divertido :-)

Pois bem, cá estou, tentando de novo. Já descobri minha vocação para a dissertação e a observação, e pretendo explorar isso aqui. E também sistematizar e divulgar algumas idéias para estudo bíblico e coisas do tipo. Vamos ver até onde vai esse "espasmo literário"...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A volta...

Este blog é uma nova tentativa... Já tive um tempos atrás, o Footnotes (no Weblogger). Agora adotei o nome em português mesmo, Notas de Pé. Tá, o mais correto sera "Notas de pé de página" ou "Notas de Rodapé", mas Notas de Pé é mais bonitinho :-)

Espero ter fôlego para postar. Não que eu tenha muita esperança de ser lida, mas é bom ter um espaço para escrever.

Enfim, se você "caiu" aqui, fique à vontade!

Post teste: Aventura de Réveillon

Meus velhos amigos de CEFET e eu decidimos passar a virada de 2007 para 2008 na casa de um amigo nosso em Niterói. Fomos ver a queima de fogos na praia de Icaraí, onde chegamos a pé, depois de uma boa caminhada. Até deu pra ver um pouco dos fogos de Copacabana, que começaram antes da hora. Mas foi depois da meia-noite que começou a aventura. Reparamos que tinha um ônibus que servia pra volta parado bem atrás de onde estávamos, e depois de trocar os abraços e beijos tradicionais, embarcamos nele nos achando muito espertos.

O ônibus já estava andando quando entramos, mas o motorista parou uns poucos metros adiante para ver os fogos (foram 20 minutos, uma eternidade). O ônibus foi enchendo, os fogos acabaram, mas cadê que o bicho andava? Depois de mais vinte minutos a gente percebeu o problema: a rua lá tem só duas pistas (uma pra cada mão) entre o mar e a montanha, e na pista contrária tinha uns 5 ônibus que não tinham conseguido chegar na praia, graças ao engarrafamento pré-fogos. Pra piorar, tinha trocentos carros estacionados dos dois lados da pista (Niterói ainda não aprendeu a lição de Copacabana, que fecha o trânsito para carros particulares no dia 31). Bem na frente do ônibus que vinha na direção contrária ao nosso, tinha uma van e um carro parados, antes de uma vaga vazia. A princípio eu pensei que se empurrassem o carro e a van, o ônibus da nossa frente teria espaço para manobrar. Só que mais adiante do nosso ônibus tinha um carro em fila dupla. Ah, sim, eu falei que tudo isso era numa curva? Pois é...

Os primeiros minutos de 2008 passando, e nada do impasse se resolver. Um amigo meu desceu do ônibus e começou a empurrar o carro que estava na frente da van, mas a família responsável pelo veículo já tinha chegado e quase saiu briga. O dono da van apareceu (alívio!), abriu a porta, pegou alguma coisa lá dentro e fechou de novo (nãaaaaooooo!!!). Ignorando completamente o nó no trânsito, encostou na van - de frente pra praia e de costas pro crime - e começou a falar no celular.

Finalmente apareceram alguns oficiais distribuindo multas para os carros estacionados do lado da pedra (local proibido), e um guarda municipal foi ver o porquê do trânsito estar parado - imagino que àquela altura a fila de carros tentando sair de Icaraí já devia estar dando a volta em Niterói...
Nós (eu, meus amigos e outros passageiros) gritamos pro guarda pedir para a van sair do caminho. Ele olha pra gente com cara de "E cadê o motorista?". A gente grita "Tá ali", apontando para o distinto senhor ainda curtindo a brisa do mar. O guarda vai até ele, o cara (de pau) diz que não é o dono do carro. O guardinha vira pra ir embora, mas a essa altura o ônibus inteiro já se levantou e todo mundo grita indignado: "É ele sim! É ele sim! A gente viu ele abrir a porta!", e começa a xingação... O guarda volta para reclamar, o "motorista" insiste, o guarda tira o talão de multa do bolso (aplausos do ônibus), o "condutor" muda de conversa. Um senhor de bermudas e boné, do lado da esposa, grita alguns palavrões, pede "Tira a carteira dele!" e repete o novo bordão clássico, "Pede pra sair!", enquanto o "piloto" entra na van. Para delírio dos fãs do capitão Nascimento, nessa hora aparece um PM gritando e batendo na porta da van. Finalmente, a van saiu, abrindo caminho para a fila de ônibus andar. O nosso ainda teve que aguardar mais uns minutinhos pra poder desviar do carro em fila dupla...

É, 2008 promete :-)

Related Posts with Thumbnails
 
Creative Commons License
Notas de Pé de Iara VPS é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil.