domingo, 6 de junho de 2010

Nota Rápida: Vídeos incríveis

Um artista francês chamado Nils Guadagnin criou em 2008 um hoverboard, divulgado recentemente no Vimeo. Pra quem não se lembra, hoverboards eram os skates voadores de De Volta Para o Futuro 2. Com a ajuda da levitação eletromagnética, Nils conseguiu fazer com que o seu hoverboard pairasse no ar... Mas ainda vai demorar pra alguém fazer uma versão usável nas ruas :-) (via Dinosaur Comics).


A melhor parte, pra mim, é o sorriso do cara - um sorriso de quem sabe que criou algo muito, muito legal, ou de criança realizando um sonho... Aliás, vale a pena conferir também a intervenção que Nils e uma outra artista francesa, Claire Trotignon, fizeram nos jardins de um castelo, colocando o logotipo dos Rolling Stones no gramado.

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Você provavelmente já viu William Shatner em ação como o Capitão Kirk (admita: você é um nerd!). Mas se você ainda não o ouviu cantando (ou melhor, declamando dramaticamente letras de música), prepare-se para uma experiência inesquecível. Com vocês, um cover de Lucy in the Sky with Diamonds, do famigerado álbum The Transformed Man (via Retrospace, um blog ótimo pra quem adora descobrir essas pérolas).



Para uma experiência ainda mais... interessante, veja Shatner cantando ao vivo Rocket Man, do Elton John, com direito a (d)efeitos especiais. E se você acha que o Sr. Spock nunca faria uma vergonha dessas, confira o Leonard Nimoy cantando a Balada de Bilbo Baggins (sim, é uma música sobre O Hobbit - e o melhor: não é um cover!), acompanhado por mocinhas bastante animadas na praia.

E boa semana!

Sonhando com o espaço...

Na última quinta-feira, dia 3 de junho, seis homens começaram uma simulação de como seria uma viagem a Marte. Eles vão ficar isolados por cerca de 520 dias numa cápsula construída num antigo estacionamento de Moscou, período suficiente para simular a viagem de ida e volta e ainda uma breve estada em solo marciano. Nenhum dos membros da equipe é astronauta: o propósito da simulação não é propriamente técnico, mas médico e psicológico. O que se quer é analisar como o corpo e a mente dos participantes reagirão a esse período isolados (o contato com o mundo externo será só por e-mail com atraso de 40 minutos, como aconteceria numa missão de verdade), contando com um número limitado de suprimentos. Não é a primeira vez que fazem uma simulação deste tipo, e nem sempre elas terminam bem. Uma delas, em 1999, terminou quando um participante russo tentou beijar à força uma colega canadense...

Para mais detalhes sobre a Mars500, veja a página da Agência Espacial Europeia, o site especial do Google e a página oficial do projeto. É pena que o blog oficial da missão esteja em russo... (via blog Só Ciência e jornais O Globo e Telegraph).

Ainda nesse clima "marciano", no mesmo dia em que a Mars500 tinha início, foi divulgada a nova música do projeto Symphony of Science (Sinfonia da Ciência), de John Boswell: The Case for Mars. O projeto divulga o conhecimento científico com remixes, botando gente como Carl Sagan e Stephen Hawking pra "cantar" suas ideias. Parece estranho, mas é divertido. Além desse vídeo novo (abaixo, em versão legendada em espanhol - o original sem legendas está aqui), vale a pena conferir The Glorious Dawn, que acaba de ganhar um Webby.



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Enquanto procurava os links sobre a Mars500, me deparei com a notícia de que cientistas da NASA acreditam ter encontrado evidências de vida em Titã, uma das luas de Saturno. A pista é que esses "alienígenas" estariam consumindo hidrogênio e acetileno. Caso eles estejam corretos, seria uma forma de vida não-baseada em água, bem diferente da que temos aqui na Terra (via G1 e Telegraph).

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Essas notícias todas só alimentam um dos meus sonhos mais antigos (e talvez o mais difícil de realizar): ir ao espaço. Quem sabe, daqui a uns 20, 30 anos é possível que já estejam em operação vôos comerciais para a Lua, né? Eu nem precisava de tanto (se bem que seria o máximo pisar na Lua e ver a Terra nascer de lá...), já me bastaria um passeio pela órbita da Terra, ver os oceanos, as nuvens, as luzes das cidades... Um dia eu vou estar lá em cima, vocês vão ver!

domingo, 9 de maio de 2010

Um pouco de música, arte e ciência

Mais um final de semana, mais uma chance de escrever algum post original perdida. Acho que é hora de largar de mão a preguiça e diminuir o número de feeds no meu Google Reader... Mas, afinal de contas, é Dia das Mães - vocês não queriam que eu arranjasse tempo pra escrever com a casa cheia, macarronada por almoço e bolo de chocolate de sobremesa, né? Então, que tal mais uma rodada de links aleatórios?

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Neste artigo do site Cracked.com, por exemplo, você pode conhecer 5 artistas/grupos famosos que roubaram ideias de outros artistas/grupos. Led Zeppelin, Deep Purple, Black Eyed Peas e Metallica são alguns dos acusados na lista, que deixou de fora o caso Jorge Ben(jor) vs. Rod Stewart.

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Quer ver artistas mais originais? Que tal o projeto 6emeia? (dica do Moreno).

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Eu já mencionei aqui minha nova mania: os podcasts. Além do já citado Tweet Me Harder, não perco mais um episódio de Radiolab, programa de Ciências de uma rádio pública nova-iorquina (isto ainda tem hífen?). É quase um Mundo de Beakman para adultos: temas científicos como memória, demência e os limites do corpo e do conhecimento humano (e até bandas que criam seus próprios instrumentos) são apresentados de forma simples e divertida, mas sem desprezar a inteligência do ouvinte. Eu era fã do Beakman (nerd, eu? Magina!), agora sou fã do Jad Abumrad.

No episódio sobre Limites, duas histórias me fascinaram. A primeira é a do russo Solomon Shereshevsky, ou Mr. S., um homem capaz de lembrar-se de quase tudo: de sequências numéricas ou silábicas aleatórias ao Inferno de Dante em italiano, língua que ele mesmo não falava (sim, parece o conto do Borges "Funes, o Memorioso" - você pode ler um artigo sobre isso aqui). Parece ótimo? O problema é que as lembranças eram tantas que qualquer imagem trazia uma torrente de memórias... Imagine se, toda vez que você visse um cachorro, você lembrasse de todos os outros cachorros que já viu, e de todas as vezes em que ouviu alguém chamando outra pessoa de cachorro, e de todos os cachorros-quentes que já comeu... É por aí. O médico A.R. Luria, que acompanhou o caso, registrou tudo no livro The Mind of a Mnemonist (disponível também no Google Books).

A outra descoberta fascinante deste episódio foi o software Eureqa (mais sobre como ele funciona aqui). Se você leu O Guia dos Mochileiros das Galáxias, basta dizer que este programa seria basicamente a versão "em carne e osso" do Pensador Profundo, o supercomputador construído para responder à pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo o mais. Criado por Michael Schmidt e Hold Lipson, o Eureqa foi capaz de deduzir a 2ª Lei do Movimento de Newton (F=ma, lembra?) em menos de um dia, com base apenas na observação de um pêndulo duplo. A melhor parte é que o Eureqa está disponível gratuitamente para download. Não é sensacional este mundo conectado?

A parte curiosa/assustadora? Exatamente como o Pensador Profundo, o Eureqa é capaz de identificar equações que nós mesmos não somos capazes de compreender. Foi o que aconteceu com o biólogo Gurol Suel: ele usou o Eureqa para analisar processos de regulação genética em células, e conseguiu equações que previam esses processos. Mas ele ainda não conseguiu entender porquê as equações estão certas... Será possível que a lógica de alguns processos biológicos seja observável, mas não explicável? Ou será que, com as equações na mão, é só questão de tempo até se chegar ao porquê? Qual o limite para a nossa capacidade de explicar a vida, o universo e tudo o mais?

domingo, 2 de maio de 2010

Tentativa e Erro

Isto é sensacional:


Não sei como eu pude passar tanto tempo sem saber da existência da Portsmouth Sinfonia, a orquestra responsável por esta interpretação brilhante da introdução de Also sprach Zarathustra. A Portsmouth Sinfonia nasceu em 1970, fundada por estudantes da Portsmouth School of Art, na Inglaterra. Seria mais uma orquestra estudantil, se não fosse pelo critério de entrada: os membros não podiam ser músicos - ou, se fossem músicos, tinham que tocar um instrumento que nunca tivessem tocado antes. Não valia tocar mal de propósito: cada um deles devia se esforçar para acertar. Em 10 anos de atuação (a última apresentação do grupo foi em 1979), se tornaram um fenômeno cultural e gravaram 5 álbuns. O repertório inclui clássicos como a abertura de Guilherme Tell, No Hall do Rei da Montanha (do balé Peer Gynt, de Grieg), o coro Aleluia do Messias de Händel e a Dança da Fada Açucarada d'O Quebra-Nozes de Tchaikovsky; assim como músicas mais populares como (I Can't Get No) Satisfaction dos Rolling Stones e God Only Knows dos Beach Boys.

Ouvir a Portsmouth Sinfonia me fez lembrar de Florence Foster Jenkins, uma das piores sopranos do mundo (ouça, por sua própria conta e risco, as versões dela para The Laughing Song e Queen of Night). Conheci a história dela na peça Gloriosa, estrelada por Marília Pêra, que esteve em cartaz no Rio no começo do ano passado. Com dinheiro suficiente para bancar seus próprios álbuns e recitais, Florence acreditava sinceramente em seu talento. Chegou a se apresentar no Carnegie Hall, com casa lotada. Claro que a maioria das pessoas na plateia de suas apresentações estava lá para rir da falta de ritmo, afinação e senso de ridículo (ela gostava de usar figurinos exóticos, que podiam incluir asas) de Florence. Mas ela não se abalava: "dizem que eu não posso cantar, mas ninguém pode dizer que eu não canto".

Dizem que é melhor tentar e perder do que nunca ter tentado. Dizem que o importante é fazer o que o coração manda. A verdade é que, não importa o quanto você se dedique a algo, nem o quanto você goste de algo, você pode, sim, falhar miseravelmente. Fica a pergunta: o importante é acertar ou se divertir tentando?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Primeiras Palavras

Hoje, 23 de abril, é o Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais. Para comemorar, fiz uma lista das minhas cinco frases de abertura inesquecíveis. Não são necessariamente meus livros favoritos, mas são os que me deixaram de boca aberta já na primeira página.

1. Orgulho e Preconceito / Jane Austen (1813)


É verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro em posse de boa fortuna deve estar necessitado de esposa.


Ok, hoje em dia isso não é mais tão verdadeiro assim :-) Mas a frase dá o tom das preocupações da Sra. Bennett, mãe da protagonista (Elizabeth Bennett, uma das minhas personagens femininas favoritas) e de outras quatro filhas, cuja maior preocupação é arrumar bons casamentos para elas. É por causa da insistência dela que as irmãs Bennett acabam cruzando o caminho do Sr. Bingley e do orgulhoso (e, os meninos que me desculpem, maravilhoso) Sr. Darcy. Aliás, eu adoraria saber o que os caras pensam de Orgulho e Preconceito... Jane Austen é leitura só de meninas?


2. Neuromancer / William Gibson (1984)


O céu sobre o porto tinha a cor de uma televisão sintonizada num canal fora do ar.


Neuromancer (leia o primeiro capítulo aqui) é um clássico da ficção científica, especificamente da literatura ciberpunk. Nele, Gibson criou a palavra ciberespaço, hoje nossa velha conhecida. Esta primeira frase ajuda a colocar o leitor no clima do futuro distópico e super-tecnológico retratado no livro: até o céu é eletrônico...


3. A Metamorfose / Franz Kafka (1915)


Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto.

A Metamorfose é a história de um homem que, do nada, acorda transformado num inseto monstruoso. O conto nunca deixa claro que tipo de inseto seria, nem o que teria levado a essa transformação. Desde a primeira frase, nos limitamos a acompanhar as desventuras de Gregor Samsa e de sua família adaptando-se a esta estranha condição. É Kafka: não espere um final feliz...


4. Anna Karenina / Liev Tolstói (1877)

Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes o são cada uma à sua maneira.

Quando li Anna Karenina, eu já conhecia o final trágico da protagonista, revelado em A Insustentável Leveza do Ser (de Milan Kundera). Mas isto não atrapalhou nem um pouco a leitura. A frase não deixa dúvida: as famílias apresentadas em Anna Karenina são infelizes, "cada uma à sua maneira". A começar pela própria Anna: aristocrata, casada, com um filho pequeno, ela se apaixona por um homem mais novo e cai em desgraça na sociedade russa. É um daqueles clássicos que fazem por merecer o título.


5. Cem Anos de Solidão / Gabriel García Márquez (1967)

Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo.

Esta talvez tenha sido a primeira citação literária que eu decorei. Eu devia ter uns 12, 13 anos quando li Cem Anos de Solidão pela primeira vez, e a forma como o García Márquez junta tanta informação numa única frase me fascinou de cara. Como aquele menino virou coronel? O que ele fez para ir parar, "muitos anos depois", diante de um pelotão de fuzilamento? O livro mal começara e eu já estava completamente imersa na história.


E vocês? Alguma frase inesquecível que gostariam de compartilhar?

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