sábado, 23 de fevereiro de 2008

Meu caso com as letras

Eu sabia que esse negócio de voltar a blogar não ia dar certo. Foi só terminar a formatação inicial, dar pro blog uma carinha mais simpática, colocar alguns penduricalhos (sem transformar em árvore de natal) e batata: a placa-mãe do micro de casa pifou...

Do trabalho não dá para postar: o acesso à internet é controlado e temos uma "ração" diária de 30MB. Passou disso, é bloqueio, sem discussão. Quem foi que disse que ser servidor público é moleza?

Felizmente, a abstinência forçada já está chegando ao fim. E como as coisas estão relativamente tranqüilas no trabalho, comecei a esboçar este post, só para não perder o costume.

Acho que todo mundo tem coisas que gosta (ou gostaria) de fazer, mas por falta de tempo/dinheiro/paciência acaba deixando de lado. Para mim, uma dessas coisas é escrever. Já tentei a prosa, mas não passei de algumas linhas, bem poucas mesmo. Pensar um começo e um final talvez seja fácil, mas uma boa história é feita do recheio: personagens, diálogos, situações e relacionamentos. Quem nunca foi ver um filme sabendo de antemão como terminava? Nem precisa que alguém te conte pra saber que o mocinho fica com a mocinha, o vilão se dá mal, os americanos ganham a guerra e Hitler morre. O que vale não é o fim do caminho, é o caminho até lá - não é assim na vida da gente?

Voltando à vaca fria: não consegui dar à minha tentativa de história (acho que era sobre um homem abandonado pela esposa, já faz uns dez anos...) esse recheio tão vital. É verdade que, pouco antes, eu já tinha me aventurado pela poesia. Ainda tenho alguns poemas guardados... Foi gostoso escrevê-los: eles vinham à minha cabeça quase prontos e o trabalho que eu tinha era moldá-los, brincando com as palavras. Não fazia rimas - aproveitei minha condição de (pós?)modernista para fugir delas :-) Mas meus poemas não eram realmente grande coisa.

O tempo (e o segundo grau) passou, e parece que a fonte de poemas em mim secou. Na faculdade, fiquei íntima do texto acadêmico, dissertativo, cheio de regras (escrever em primeira pessoa? Nunca! Adjetivos? Fuja!), aparentemente seco e impessoal. Mas que surpresa boa ler textos de Bruno Latour, Thomas Kuhn e outros e descobrir que aquele formalismo todo não precisava ser sinônimo de texto chato. Pelo contrário: eu me deliciava com a descoberta.

Aliás, a descoberta é uma das coisas que mais me atrai na leitura em geral. Gosto de achar pepitas: frases geniais, situações inusitadas, descrições surpreendentes, idéias revolucionárias ou simplesmente reformulações de coisas muitas vezes repetidas. Com certeza essas pérolas vão aparecer vez ou outra aqui no blog.

Ah, sim: faltou dizer que, no primeiro grau, cheguei a escrever uma peça com minha melhor amiga, não me lembro bem sobre que disciplina - só lembro que o texto foi encenado pela nossa turma. Era sobre um rapaz que, para escapar da virar um dos "voluntários" da Pátria na Guerra do Paraguai, se disfarça de mulher. Nada muito original, mas foi divertido :-)

Pois bem, cá estou, tentando de novo. Já descobri minha vocação para a dissertação e a observação, e pretendo explorar isso aqui. E também sistematizar e divulgar algumas idéias para estudo bíblico e coisas do tipo. Vamos ver até onde vai esse "espasmo literário"...

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