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domingo, 11 de outubro de 2009

Preciosas Ilusões...



A moça é a cantora e compositora Regina Spektor. A música é Eet, de Far, seu último álbum. E a razão para eu postar o vídeo são estes versos:
It's like forgetting the words to your favorite song.
You can't believe it; you were always singing along.
It was so easy and the words so sweet.
You can't remember; you try to move your feet.
It was so easy and the words so sweet.
You can't remember; you try to feel the beat...
Me lembro de quando ouvi esta música na minha última viagem a Belo Horizonte, sozinha no ônibus que me levou de Confins à Pampulha. Não foi a primeira vez que ouvi, mas foi só lá que me dei conta do quanto esta música tem a ver com o que estou vivendo. Hoje encontrei o vídeo e o sentimento voltou. É mesmo como esquecer a letra da minha música favorita, que eu sempre cantava junto. Era tão fácil, e as palavras tão doces... Mas não consigo me lembrar, por mais que tente mexer os pés e sentir a batida...

Sim, era tão fácil, tão doce, fechar os olhos e cantar junto... Mas agora meus pés parecem ter esquecido a batida (ok, metáfora ruim: sempre tive dois pés esquerdos, rs), as palavras fogem da língua, as doutrinas escapam pelos meus dedos. E eu sinto, ao mesmo tempo, alívio e saudade.

Alívio, porque as doutrinas e tradições eram um peso. Não que eu me sentisse oprimida ou amordaçada por elas - cresci num ambiente nada fundamentalista, e aprendi rápido a colocar em perspectiva comentários como "Ouvir música do mundo/Faltar a Igreja/etc, etc, etc é pecado". E sempre fui uma "boa menina", em geral, sem grandes rebeldias adolescentes.

Não, não sou um dos muitos feridos em nome de Deus. Mas as doutrinas eram os óculos que eu usava para ler a Bíblia e o mundo. Eu podia até perceber que eles não funcionavam muito bem para ler o mundo, mas foi preciso ir ao Seminário para que caísse a ficha de que os óculos também não serviam para ler a Bíblia.

Me disseram que a Bíblia É a Palavra de Deus, que era absurdo dizer que ela "contém" a Palavra. E eu pensava, quietinha comigo, sem ousar dizer as palavras: "Mas peraí, pra que Deus ia querer aquele monte de genealogias em 1Crônicas??" Bobagens de adolescente, talvez. Mas comecei a estudar Teologia, e conhecer uma outra perspectiva sobre a Bíblia. Livre do peso de ser "A Palavra de Deus", ela já não se apresenta a mim como um livro narrando uma única história (o plano da salvação), mas uma coletânea de textos que dialogam e combatem entre si, testemunhos das crenças, dúvidas, lutas e paixões de pessoas que viveram num mundo muito diferente do meu, mas que, como eu, amaram, choraram, odiaram, cantaram, riram... Pra mim, a Bíblia só ganha com isso. E meus olhos brilham ao vê-la diante de mim, pedindo para ser explorada - não para encontrar nela as doutrinas que eu já tinha, mas para ouvir vozes de um passado tão distante que só pode chegar até mim em fragmentos que eu provavelmente nunca serei capaz de juntar num quadro único e coerente.

Mas tenho saudades... Saudades do tempo em que eu sabia direitinho a letra da música, saudades das minhas certezas, saudades dos meus mitos. Não, não quero abandoná-los todos, não agora, mas eles me escapam. E sinto, desde já, saudades destas preciosas ilusões, que não me deixaram na mão quando eu estava indefesa. Abandoná-las é como dizer adeus a amigos de infância...

but this won't work now the way it once did
and I won't keep it up even though I would love to
once I know who I'm not then I'll know who I am
but I know I won't keep on playing the victim

these precious illusions in my head did not let me down when I was defenseless
and parting with them is like parting with invisible best friends
<...>
and though I know who I'm not I still don't know who I am
but I know I won't keep on playing the victim

these precious illusions in my head did not let me down when I was a kid
and parting with them is like parting with a childhood best friend
-------
P.S.: Enquanto eu procurava o vídeo desta última música, encontrei este cover de My Humps, do Black Eyed Peas. Perfeito pra colocar um tom mais alegre neste post :-)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dia da Verdade

Hoje, eu sentei à mesa com os líderes da minha igreja - meus líderes - e disse a verdade. Confessei minhas dúvidas sobre a Bíblia e a Palavra, e disse coisas nas quais normalmente até evito pensar. Admiti que todas as descobertas que fiz, que desafiam conceitos em que antes acreditava, não me chocaram - pelo contrário, amo cada dia mais o estudo bíblico-teológico. Fui absolutamente sincera, a ponto de me surpreender com o que saía da minha boca. Me dispus a deixar a minha amada igreja, para não correr o risco de machucar outros enquanto eu me entendo com estas dúvidas e questões.

E fui ouvida. Criticada? Sim. Disseram até que, se fossem eles meus pais, insistiriam comigo pra deixar o Seminário. Mas foram críticas temperadas com amor e compreensão. Mesmo na hora de expor as ideias mais terríveis, eles não me interromperam. Mesmo defendendo com emoção seu ponto de vista, eles não me marcaram como "herege". Mesmo depois de tudo o que apresentei, eles me convidaram a ficar. Não como alguém em "disciplina", mas como uma irmã.

Esta noite, na igreja, celebraram meu aniversário com bolo, orações, flores, muitos abraços e palavras de carinho. E eu só posso agradecer a Deus por ter encontrado pessoas tão dispostas a fazer valer o amor, acima de doutrinas, ideias e experiências.

sábado, 20 de junho de 2009

Questão de Princípio

Participei recentemente de um mini-curso sobre os Princípios Batistas, ministrado pelo prof. Osvaldo Luiz Ribeiro e promovido pelo Centro Acadêmico Dr. Shepard do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Como tivemos apenas quatro encontros, não trabalhamos os Princípios exaustivamente. O prof. Osvaldo preferiu realçar alguns pontos que revelam a influência do liberalismo inglês do século XVII sobre aqueles primeiros batistas. Um dos trechos trabalhados discute o governo da igreja e, em certo ponto, afirma: "Nem a maioria, nem a minoria, tampouco a unanimidade, reflete necessariamente a vontade divina".

Se resolvermos seguir este princípio, temos que admitir que nenhum grupo - e nenhum indivíduo - tem respaldo quando afirma conhecer a vontade de Deus. A partir desta constatação, o professor propôs um pequeno exercício de reflexão: "E agora?" Dois alunos, eu inclusive, aceitamos o desafio. Os textos estão no blog Peroratio, junto com algumas considerações do Prof. Osvaldo. Eis o meu:

Se a vontade de Deus não é necessariamente expressa pela opinião da maioria, nem pela da minoria, e nem mesmo pela opinião de todos, estou isenta de buscar "vontades" específicas de Deus para a minha vida. Minhas decisões são minhas, com todo o bônus e o ônus que isso representa. Sou livre para decidir segundo o meu juízo, para voltar atrás quando errar (sem tentar culpar a Deus pelos meus erros), para assumir as consequências de meus atos. Ninguém decidirá por mim, e eu não decidirei por ninguém. Mas nem por isso estou totalmente sozinha: em vez de mentores que me indiquem O caminho, busco companheiros que me ajudem a fazer meu próprio caminho.

Saber que não há como ter certeza da vontade de Deus é assustador, especialmente para quem foi ensinado a buscar essa vontade e a segui-la. Por outro lado, e é esta a perspectiva que mais me atrai, é também libertador. Deus deixa de ser a Esfinge bloqueando o caminho, à espera que eu dê a resposta certa ao enigma ("Decifra-me ou devoro-te!"). Não há esfinge, não há um só caminho. Ou, como diz Antonio Machado, "Não há caminho - o caminho se faz andando". E não há uma só resposta ao enigma. Aliás, não deixa de ser curioso lembrar que a resposta ao enigma da esfinge é "o ser humano"...

Falar em uma Resposta me faz lembrar do Guia do Mochileiro das Galáxias. Segundo a série (que já foi programa de rádio, livro, seriado de tv, filme e até toalha), 42 é A Resposta para a Vida, o Universo e Tudo o Mais. O que ninguém sabe é qual é a pergunta... E, se a gente pensar bem, o que não falta por aí é resposta: amor, dinheiro, caridade, trabalho, religião, sexo, prozac, comunismo, anarquismo, capitalismo - tudo pode servir pra nos levar a auto-realização, à felicidade, à justiça social. Só falta decidir se o que a gente quer é auto-realização, felicidade, justiça social ou não sei o que mais - enfim, só falta saber qual é a pergunta. Ou, antes: falta encontrar uma resposta para cada pergunta que a vida me coloca. Cada situação é um desafio e uma oportunidade para escolher: com que roupa eu vou? Com quem eu vou? Pra onde eu vou? E como eu faço pra chegar lá?

Há desafios que são banais, como o de escolher se vou de ônibus ou metrô. Outros parecem mais assustadores do que são na verdade, como o Cavaleiro Negro de Em Busca do Cálice Sagrado - e, como o coelhinho do mesmo filme, alguns são bem mais perigosos do que parecem (Monty Python, Douglas Adams... O que seria de mim sem os humoristas ingleses??). Diante de cada desafio, grande ou pequeno, estamos sozinhos: a decisão final será sempre nossa.

Ser livre é ser só. Mas essa solidão não me satisfaz. É verdade que ninguém pode tomar minhas decisões por mim, e eu também me recuso a decidir por outros. Mas prefiro a opção do Drummond (ufa, um brasileiro!): "Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas". Quando li meu texto na última aula do curso, o Osvaldo comentou que dois perdidos não fazem um achado. Concordo. Mas vejo isso como uma advertência contra a ilusão de encontrar, em/com alguém ou com/num grupo, a resposta para a vida (e o universo, e tudo o mais). Abro mão dessa ilusão, mas não abro mão de compartilhar minha vida com outras pessoas. Se dois dormirem juntos, eles se esquentarão; mas como é que um só vai se esquentar? Ah, isso é Eclesiastes 4.11, só pra jogar um pouquinho de Bíblia também.

Encontrei por acaso esta tirinha, que tem a ver com tudo isso:

> Oi, eu estava me perguntando se você tinha planos pra -- Carambola, o que aconteceu com o seu apartamento?
> Eu enchi de bolinhas de plástico.
> Eu... O quê? Por quê?
> Porque nós somos adultos agora, e é a nossa vez de decidir o que isso significa.

É isso aí...

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Ouvindo: Jens Lekman - The Opposite of Hallelujah
via FoxyTunes

domingo, 3 de agosto de 2008

Pão quentinho (da série "Meus Favoritos")

Há lugares, pessoas e coisas que fazem a gente se sentir bem ou mal simplesmente pelo efeito que causam em nossos sentidos, com seus perfumes, sons, visões, sabores e sensações. Uma das coisas que fazem isso em mim é o pão.

Acho que quase todas as culturas produzem alguma espécie de pão, com ou sem fermento, de trigo, de milho, ou de algum outro cereal, simples ou recheado. Segundo a Wikipédia, é um dos alimentos mais antigos da Humanidade. Até hoje, não provei nenhum pão ruim - tá, não sou fã de pão de forma, mas até ele tem seu charme, num misto-quente ou americano. Pra mim, pão bom de verdade nem precisa de acompanhamentos.

Mas não é só o sabor do pão que me atrai: existe algo de confortante num pacote cheio daqueles pãezinhos franceses bem quentinhos, recém-saídos do forno da padaria. Não tem preço: pegar o pãozinho recém-comprado, crocante por fora e macio por dentro, abri-lo, espalhar a margarina ou manteiga e vê-la se desmanchar no miolo morno e macio...

Ah, o miolo do pão francês! Como é que tem gente que consegue comer pão sem ele?? Tá, eu sei, é a dieta. Mas que graça tem? Quando eu era pequena, agia feito um ratinho: cavava um buraco na bisnaga, tirando o miolo com a eficiência de uma sonda da Petrobras. Hoje me controlo melhor - mas não desperdiço miolo de jeito algum!

Outro dia, no ônibus, sentei ao lado de um homem que dormia segurando sacolas de compras. O calorzinho que saía de uma delas era inconfundível: nem precisei fechar os olhos para imaginar as bisnaguinhas. Foi naquele ônibus, ao lado de um desconhecido que dormia (quem sabe, embalado também pelo calor do pão), que me dei conta: pão quentinho me lembra a infância.

domingo, 20 de julho de 2008

Eu, marginal

Marginal é quem está à margem, quem fica na beiradinha, tendo à frente as águas e atrás de si a terra, as árvores. Quem não se joga de cabeça, mas também não se afasta de vez. Quem não vai além da arrebentação, mas também não quer ficar na areia, lagarteando ao sol - e fica ali, brincando na espuma do mar.
Já faz alguns verões que notei esse medo de entrar de vez na água, vencendo as ondas pra flutuar onde o mar é mais tranqüilo. Não foi sempre assim: quando era mais nova, passava horas além da arrebentação, boiando, nadando, mergulhando, pulando... Agora, fico na beira, esperando alguma onda mais forte para pelo menos molhar os cabelos. Prudência que vem com a idade, talvez...
Mas foi só recentemente que me caiu a ficha: não é só na praia que eu sou marginal, é na vida. Na maioria dos círculos a que pertenço, sinto que estou longe do centro, na margem, na tangente. Não importa se estou com amigos antigos, irmãos de fé, parentes ou colegas de trabalho, a impressão é a mesma: de repente me sinto distante, como se aqueles velhos conhecidos fossem estranhos, como se ninguém realmente me conhecesse, como se a minha presença ali não fizesse qualquer diferença.
É raro me envolver de fato com alguém, a ponto de sentir falta da pessoa. Imagino que devo parecer fria, mas não sou uma pedra de gelo. Só tenho dificuldade para expressar o que sinto. Com alguns poucos amigos mais íntimos, me abro, choro junto, abraço, beijo. Mando e-mails e torpedos, chego até a ligar (bem) de vez em quando. Mesmo com alguns nem tão íntimos, troco abraços e confidências ocasionais. Mas corto laços com alguma facilidade, e nem é por mal. Simplesmente não me lembro de entrar em contato, e quando lembro penso que é tarde demais, que a hora é imprópria, e o tempo vai passando.
Sim, sou marginal. Não sei se por medo, desinteresse, preguiça, timidez, ou por uma combinação de tudo isso, meus relacionamentos, com raras exceções, não se aprofundam muito. E mesmo nessas "raras exceções", fico com a sensação de que tudo é frágil, que aquela intimidade pode se desfazer a qualquer momento. Difícil é vencer este sentimento...

sábado, 12 de julho de 2008

Teste...






Qual teólogo é você? (versão 0.1.2)
created with QuizFarm.com
You scored as Martinho Lutero

Você é Martinho Lutero.

Descrição na wikipedia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_lutero


Martinho Lutero


83%

Friedrich Schleiermacher


83%

Anselmo


83%

Paul Tillich


75%

Karl Barth


58%

João Calvino


50%

Jurgen Moltmann


50%

Jonathan Edwards


42%

Santo Agostinho


42%

Charles Finney


33%

Rudolf Bultmann


25%


quinta-feira, 13 de março de 2008

Eu e o Ensino

Sou professora de Escola Bíblica Dominical na minha igreja. Na verdade, gosto de pensar em mim como uma dirigente de estudos: alguém que não está lá para ensinar, mas para incentivar o debate, estimulando as pessoas a apresentarem aquilo que o Espírito mesmo já mostrou a elas, e, a partir daí, direcionar a discussão para tentar garantir que, ao final, os objetivos do estudo sejam alcançados. Acredito muito no princípio do sacerdócio universal de todos os crentes, e tento, da melhor forma, colocar esta fé na prática. Claro que enfrento problemas: estudantes desmotivados, tímidos, desinteressados (aqueles que nem vão à aula, sabe como é?), acostumados a ouvir. Mas resisto como posso à tentação de transformar a aula em mera transmissão de meus conhecimentos pessoais.

Essa abordagem mais livre, de dar voz a todos, tem outro problema (talvez o mais difícil de resolver): como cristãos, temos algumas crenças inegociáveis. Há verdades básicas, válidas para todos. Mas, no decorrer de nossa vida com Deus, temos experiências com Ele que não se repetem da mesma forma com outros. Como ouvi de um professor esta semana, Deus, conhecendo a nossa diversidade, se revela de formas diversas para cada um de nós. Mesmo as verdades fundamentais do cristianismo (e às vezes é tão difícil defini-las!) são experimentadas de formas diferentes por cada um. Onde está o limite entre o universal e o particular? Como ensinar sem cair na armadilha de transmitir experiências pessoais como sendo verdades gerais?

Dá para ver que Tiago tem toda razão quando alerta: “não vos torneis, muitos de vós, mestres.” Creio que ele falou por experiência própria, até porque ele se inclui na segunda parte do versículo (“havemos de receber maior juízo” - Tg 3.1). É uma tarefa difícil, às vezes ingrata - quando parece não dar resultado. Mas a satisfação que vem de cumprir o dom que me é dado pelo Espírito Santo é inigualável. A certeza de saber que é assim que Deus quer me usar, apesar de (e com todas as) minhas limitações, dá paz ao meu coração. E de tanto lidar com a Palavra no ensino, de tanto ler coisas me preparando para as aulas, cresceu a vontade de estudar mais – olha o Seminário aí, gente! - e de me atrever a escrever. É muita pretensão achar que eu tenha algo a dizer, mas é bom pra me exercitar ;-) Começo com alguns comentários (não chegam a ser lições) sobre o estudo atual da minha classe: Oração.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Meu caso com as letras

Eu sabia que esse negócio de voltar a blogar não ia dar certo. Foi só terminar a formatação inicial, dar pro blog uma carinha mais simpática, colocar alguns penduricalhos (sem transformar em árvore de natal) e batata: a placa-mãe do micro de casa pifou...

Do trabalho não dá para postar: o acesso à internet é controlado e temos uma "ração" diária de 30MB. Passou disso, é bloqueio, sem discussão. Quem foi que disse que ser servidor público é moleza?

Felizmente, a abstinência forçada já está chegando ao fim. E como as coisas estão relativamente tranqüilas no trabalho, comecei a esboçar este post, só para não perder o costume.

Acho que todo mundo tem coisas que gosta (ou gostaria) de fazer, mas por falta de tempo/dinheiro/paciência acaba deixando de lado. Para mim, uma dessas coisas é escrever. Já tentei a prosa, mas não passei de algumas linhas, bem poucas mesmo. Pensar um começo e um final talvez seja fácil, mas uma boa história é feita do recheio: personagens, diálogos, situações e relacionamentos. Quem nunca foi ver um filme sabendo de antemão como terminava? Nem precisa que alguém te conte pra saber que o mocinho fica com a mocinha, o vilão se dá mal, os americanos ganham a guerra e Hitler morre. O que vale não é o fim do caminho, é o caminho até lá - não é assim na vida da gente?

Voltando à vaca fria: não consegui dar à minha tentativa de história (acho que era sobre um homem abandonado pela esposa, já faz uns dez anos...) esse recheio tão vital. É verdade que, pouco antes, eu já tinha me aventurado pela poesia. Ainda tenho alguns poemas guardados... Foi gostoso escrevê-los: eles vinham à minha cabeça quase prontos e o trabalho que eu tinha era moldá-los, brincando com as palavras. Não fazia rimas - aproveitei minha condição de (pós?)modernista para fugir delas :-) Mas meus poemas não eram realmente grande coisa.

O tempo (e o segundo grau) passou, e parece que a fonte de poemas em mim secou. Na faculdade, fiquei íntima do texto acadêmico, dissertativo, cheio de regras (escrever em primeira pessoa? Nunca! Adjetivos? Fuja!), aparentemente seco e impessoal. Mas que surpresa boa ler textos de Bruno Latour, Thomas Kuhn e outros e descobrir que aquele formalismo todo não precisava ser sinônimo de texto chato. Pelo contrário: eu me deliciava com a descoberta.

Aliás, a descoberta é uma das coisas que mais me atrai na leitura em geral. Gosto de achar pepitas: frases geniais, situações inusitadas, descrições surpreendentes, idéias revolucionárias ou simplesmente reformulações de coisas muitas vezes repetidas. Com certeza essas pérolas vão aparecer vez ou outra aqui no blog.

Ah, sim: faltou dizer que, no primeiro grau, cheguei a escrever uma peça com minha melhor amiga, não me lembro bem sobre que disciplina - só lembro que o texto foi encenado pela nossa turma. Era sobre um rapaz que, para escapar da virar um dos "voluntários" da Pátria na Guerra do Paraguai, se disfarça de mulher. Nada muito original, mas foi divertido :-)

Pois bem, cá estou, tentando de novo. Já descobri minha vocação para a dissertação e a observação, e pretendo explorar isso aqui. E também sistematizar e divulgar algumas idéias para estudo bíblico e coisas do tipo. Vamos ver até onde vai esse "espasmo literário"...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A volta...

Este blog é uma nova tentativa... Já tive um tempos atrás, o Footnotes (no Weblogger). Agora adotei o nome em português mesmo, Notas de Pé. Tá, o mais correto sera "Notas de pé de página" ou "Notas de Rodapé", mas Notas de Pé é mais bonitinho :-)

Espero ter fôlego para postar. Não que eu tenha muita esperança de ser lida, mas é bom ter um espaço para escrever.

Enfim, se você "caiu" aqui, fique à vontade!

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