Neste vídeo, de 2006, os tele-evangelistas Ray Comfort e Kirk Cameron apresentam a teoria de que bananas são o pesadelo dos ateus:
Vamos aceitar, por agora, a ideia de que um Criador desenhou a banana com a intenção de que torná-la perfeita para o consumo humano. Ora, se isso é verdade, por que ele não fez o mesmo com outras frutas, como o coco e o abacaxi? Ou por que as azeitonas são amargas (já se perguntou por que as azeitonas vêm imersas num líquido salgado? É que sem isso você não conseguiria comê-las.)? Ou seja: o argumento de que a banana seria prova da existência de Deus é um exemplo de falácia indutiva: formou-se uma regra geral (A banana é desenhada para os seres humanos, portanto existe um Deus Criador) com base numa amostra que não representa o todo. Na mesma linha de pensamento, Widson Reis (do blog Dragão de Garagem) propôs o argumento do pequi: se a banana testemunha que existe um Criador, os espinhos do pequi dão testemunho de que esse Criador tem senso de humor - negro.
Mas, será que poderíamos mesmo considerar a banana como evidência a favor da ideia de que o Universo foi criado por Deus? A resposta é não. As bananas selvagens têm sementes grandes e duras e um formato que lembra mais uma batata. As bananeiras "domesticadas" não são capazes de se reproduzir sozinhas: elas são o resultado de mutações e da interferência humana. Você pode ver mais sobre isto neste artigo do Skpecticwiki (em inglês) ou nos vídeos de Nick Gisburne, do site Smoking Gun, e do programa de rádio Atheist Experience (este e este). A conclusão: as bananas que a gente compra no mercado são uma criação humana - ou, se você preferir, um aperfeiçoamento humano sobre a criação divina.
Uma das mais conhecidas leis da internet, a Lei de Poe, sustenta que, "sem um emoticon ou outra clara exibição de humor, é impossível criar uma paródia fundamentalista sem que outras pessoas a tomem como verdade". Isto acontece porque muitas vezes os argumentos fundamentalistas beiram o ridículo, e este vídeo é um exemplo claro disto. Ray Comfort joga para a plateia: apresenta um punhado de argumentos supostamente lógicos com o intuito de provar o que os crentes já sabem, sem esconder um certo desprezo pelos não crentes incapazes de perceber o óbvio. Num "pedido de desculpas" publicado em 2009 - que serve de chamariz para um desafio a Richard Dawkins - Comfort alega que não sabia que a banana tinha sido domesticada pelo homem (e acrescenta mais uma pérola à sua coleção, insinuando que o homem usou a inteligência dada por Deus para fazer com que os cachorros coubessem nos carros). Como esperar que cientistas levem a sério quem nem se dá ao trabalho de tentar fundamentar suas ideias em fatos? Como esperar que qualquer pessoa com um mínimo de senso comum leve a sério quem despreza sua inteligência?
E a pergunta que me martela a cabeça: se o Cristianismo ainda é relevante para a sociedade ocidental contemporânea, e se a doutrina de um Deus Criador é essencial ao Cristianismo, será que não é possível defender Cristianismo e Criacionismo sem cair no ridículo?








