É estranho ver minhas certezas se desmanchando no ar... E mais estranho ainda é ver que boa parte delas está indo embora sem muita dor - me faz pensar se eram, de fato, certezas. E o que mais dói não é perdê-las, é perceber que não tenho outras para substituí-las.
Antes de começar o curso de Teologia, resolvi fazer uma suspensão de descrença invertida (pra quem não conhece o termo: suspensão voluntária de descrença é aquilo que faz você acreditar que o Henrique VIII tinha a cara do Jonathan Rhys Meyers). Na minha "suspensão de crença", decidi não me apegar a tudo que aprendi em quinze anos de Igreja. Guardei a fé em um Deus criador e em um cara chamado Jesus que andou pela Palestina de 2000 anos atrás; e deixei o resto em aberto. E, agora, cadê as certezas que estavam aqui?
Esta semana, durante uma aula de Filosofia da Religião (em que eu não estava lá prestando muita atenção, admito), comecei a anotar uma série de perguntas:
- Se não há vida após a morte, ela é necessariamente inútil?
- Se não há Deus, não há sentido? Se não há Deus, não há moral?
- O que queremos dizer, quando indagamos sobre o "sentido" da vida? A vida precisa ter sentido?
- Nascer, crescer, sentir, se relacionar, morrer - isto é pouco? Tocar e ser tocado por outras pessoas, é preciso mais sentido do que isto?
2 comentários:
Boas perguntas, Iara... melhor ainda é vê-la fazendo essas perguntas. ;-)
Abraço!
Suspensão voluntária de descrença invertida foi ótima!
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