quinta-feira, 13 de março de 2008

Estudo Sobre Oração, parte I: Por que orar?

Nestes primeiros meses de 2008, estou dirigindo um estudo sobre a oração na Escola Bíblica Dominical de minha igreja. A revista básica é Oração: o poder de intercessão da igreja, de Samuel Figueira. Além dela, adotei como referência o livro Oração: ela faz alguma diferença?, de Philip Yancey. Foi a partir dele que refletimos sobre aquela perguntinha fundamental: Por que precisamos orar? Engraçado que a revista coloca essa pergunta lá na terceira lição. Mas, convenhamos, se eu nem sei porque eu oro, porque vou me preocupar em, por exemplo, encontrar tempo pra isso? Perguntar “Por quê?” é sempre o começo de uma aventura e/ou de uma dor de cabeça. E como eu já aprendi no Castelo Rá-Tim-Bum, “'Porque sim' não é resposta” :-)

Entender porque oramos é mais difícil do que pode parecer. Claro, podemos ficar com a resposta simples: “Porque Deus nos manda orar”. É verdade, a Bíblia está cheia de mandamentos sobre oração: Jeremias 33.3 (o “ddd de Deus”), Mateus 7.7, Isaías 55.6... Mas essa resposta não esgota o assunto: quem já não pensou com seus botões algo parecido com esta simples pergunta: “Pera, se Deus sabe de todas as coisas, por que orar?” Quem não se perguntou, parafraseando o Romário: “Orar pra quê, se Deus já sabe o que fazer?” Se Ele soberanamente já decidiu o meu futuro, de que vai adiantar orar por aquela pessoa especial, pelo emprego, por saúde, ou mesmo pela salvação de um alguém querido?

Para compreender o porquê, temos que pensar primeiro no quê: o que é oração? Vem imediamente ao pensamento a resposta aprendida na infância ou na classe de doutrinas: “Orar é falar/conversar com Deus”. Essa simples resposta diz muita coisa. Falamos muito que precisamos cultivar um relacionamento com Deus, e eu não escolhi a palavra “cultivar” por acaso. Como as plantas, relacionamentos precisam ser regados, adubados, tratados. E nada alimenta melhor um relacionamento do que o diálogo. Amigos não são aqueles que se vêem todos os dias, são aqueles que se conhecem – e como posso ser conhecida, se não compartilho com o outro o que me alegra, o que me aflige, o que chateia, o que me entristece?

Já deu pra ver onde quero chegar: se oração é falar com Deus, então ela é o adubo do meu (do seu, do nosso) relacionamento com Ele. Ninguém questiona a importância do diálogo num casamento, ninguém deixa de desabafar com um amigo mesmo sabendo que a conversa não muda a realidade (o desabafo não vai fazer o chefe deixar de ser um chato de galochas). Então, por que ter crise com a oração?

Ainda não terminei o livro do Yancey, mas já deu para captar a idéia dele de que, para entender a utilidade/necessidade da oração, é preciso primeiro mudar o ponto de vista. Não oramos para mudar a vontade de Deus. Não oramos para contar a Ele aquilo que Ele já sabe. Oramos para estabelecer um relacionamento com Ele. E, nesse relacionamento, eu cresço - aliás, não é isso que acontece em qualquer relacionamento? Quando me abro sobre as minhas frustrações e medos, descubro que eles são menores do que eu imaginava. Quando peço pela salvação da minha irmã, percebo que Deus está ainda mais triste do que eu com esta situação. Quando penso no porque Ele me chamou para o Seminário num momento em que minha vida estava tão difícil, vejo Sua Providência e aprendo a descansar n'Ele - e de repente as coisas não estão mais tão ruins. Não oro mais para tentar mudar a vontade dele, mas para descobrir onde me encaixo nessa vontade. Oro para me conhecer e para conhecer Aquele que me criou – e que, de tanto me amar, me salvou. Pra resumir: oramos para ter intimidade com o Pai.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom Iara!!!

Abraços
Leandro Veiga

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